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Entrevista a Mountain Eye

Os Mountain Eye são uma banda com base na Holanda mas que teve o seu iníco na Rússia.

Senhores de um metal alternativo refrescante, são liderados por Arthur Robinson, vocalista que passou grande parte da sua vida em Portugal, onde foi vocalista em bandas como Pushed Mind e Monsters.
Numa entrevista realizada em bom português, Arthur conta-nos mais sobre esta sensação europeia.

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1. Os Mountain Eye são uma banda Holandesa que começaram na Rússia... Podem explicar-nos mais sobre a peculiar história da formação da banda?

Omar e Tim tinham projetos juntos na Holanda e infelizmente os projetos trouxeram-lhes muitas desilusões... ao ponto de desistirem de seguirem a sua paixão. O Omar decidiu mudar-se para São Petersburgo para explorar novos horizontes na vida, o que o expôs a muita cultura e arte local. O movimento underground tinha alma e isso ajudou-o bastante a re-encontrar a paixão pela música. Partilhando a sua experiência com o Tim enquanto lá, ambos decidiram voltar a seguirem as suas ambições musicais. 

Matthijs, Kieft e eu entramos praticamente ao mesmo tempo e o projeto começou quando Omar voltou da Rússia.

2. Arthur, viveste imenso tempo em Portugal e foste bastante ativo no underground Algarvio. Queres detalhar a tua experiência Portuguesa?

Sempre achei o movimento underground no Algarve muito difícil e limitado. Honestamente, se não houvessem associações como a ICANCU ou a Heads Up, o movimento seria quase nenhum. Estas organizações lutaram bastante ao longo dos anos para criar um movimento e graças a elas, cheguei a ver algumas bandas internacionais a tocarem nos palcos do Algarve (Caliban, Architects, Hed (P. E.)) enquanto deram a oportunidade para as bandas locais poderem exibir os seus trabalhos.

Mas por haverem poucos espaços que promovem o movimento underground, as opções acabavam por ser muito repetitivas e a aderência do publico, muitas das vezes, era pouca. Todos chegámos a ver espaços a abrirem para oferecer uma casa ás bandas do underground mas que infelizmente, devido a falta de aderência, tiveram que fechar. Ou associações que passaram anos a lutar mas que acabaram por ser abolidas por não haver suporte das câmaras.  

O Algarve teve e tem muitos artistas com muito potêncial como os Birth Signs, Digamma, Devil In Me, Mindlock, Crossed Fire, Villain Outbreak, Brain Bomb, Behatred entre muitos outros...era capaz de passar horas a mencionar as bandas todas e a falar sobre elas... mas dá para entender que o Algarve sempre teve e terá muito para oferecer do mundo underground mas que difícilmente conseguirão lançar o nome internacionalmente. O que me leva ao próximo e o maior obstáculo algarvio... a geografia. 

O Algarve (e até o resto de Portugal) encontra-se num dos pontos mais distantes do movimento underground europeu, apesar de não ser difícil as bandas poderem criar digressões pela Europa, isto cria uma despesa maior do que para as bandas que vivem, por exemplo aqui na Holanda. O impacto económico para bandas amadoras e até mesmo profissionais é enorme e isso consegue desmotivar muitas pessoas. 

Há quase 5 anos que já não moro em Portugal e não sei como o movimento anda hoje em dia, mas espero que o Algarve continue a criar novos artistas e que o movimento esteja a crescer. Mas digo o mesmo para o resto de Portugal. O nosso país tem muito para oferecer e há bandas que ficaram reconhecidas internacionalmente (Moonspell, More than a Thousand, Devil in Me, The Voynich Code, etc.) e espero que um dia também consiga estampar o meu nome no circuito internacional como estas bandas fazem e fizeram.

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3. Quais são as principais diferenças entre o circuito underground Português e o Holandês?

Existem diferênças mas também encontro muitas semelhanças. A maior diferênça é que existem mais locais onde as bandas podem exibir o seu trabalho... mas honestamente o movimento não e tão forte como tinha imaginado. Há muitos locais onde as bandas podem tocar mas não tantos como tinha em mente. Para um país tão alternativo em que os concelhos apoiam bastante, ao meu ver, na cultura...as escolhas até são algo limitadas. 

A maior vantagem que a Holanda tem para oferecer é a geografia, estamos tão centralizados na Europa, que faz com que seja muito fácil ir tocar um fim de semana a Bélgica, Alemanha, França e até Inglaterra. 

Há muitos festivais à nossa volta e, agora que temos ganho algum reconhecimento, temos sido convidados para festivais dentro e fora da Holanda. Infelizmente, devido à pandemia em que o mundo se encontra, os concertos têm sido ou cancelados ou adiados. 

4. O vosso álbum de estreia"Roads Uncharted" foi lançado há sensívelmente um ano. Como tem corrido a sua promoção? Tem superado as expectativas?

Uma pergunta difícil de responder. A promoção tem sido muito boa e o álbum tem sido bem recebido. Temos tido muitos streams no Spotify (com streams acima dos 300 000) e o nosso vídeoclip também tem sido bem recebido com mais de 60 000 visualizações. O que não estávamos à espera era dar concertos em locais onde não tinhamos estado antes e ver pessoas no público a cantarem os nossos temas, é uma sensação brutal! Mas em termos de expetativas, não tínhamos alguma. Tínhamos uma visão bem sóbria em relação ao albúm mas o esforço que temos feito para o promover tem-nos trazido muitos resultados positivos. 

5. Não têm problemas em admitir que as vossas influências são os grandes nomes do metal alternativo dos 00's. Que reações têm tido por parte do público ao trazer de volta um sub-género que nunca foi consensual?

Não temos problema algum em admitir, mas a escolha do género não foi intencional. Todos temos um historial musical diferente e o metal alternativo é o género onde todos nos encontramos. Pessoalmente sempre fui um fã do metal atlernativo porque me dá muito espaço para ser creativo com a voz.

As reações têm sido positivas, obviamente há pessoas que não gostam, mas isso é de esperar com qualquer género musical. Nos concertos somos sempre bem recebidos, até com público adeptos dos géneros mais pesados. Tivémos quase 30 reviews, a nível mundial, que foram super positivas e aparecemos em revistas na Rússia, Ucrânia, Bélgica e Holanda. Numa review, feita na Itália, ficaram super entusiasmados com o albúm, porque ficaram contentes por aparecer uma banda que soa diferente ás bandas de hoje em dia e referiram que se tivéssemos lançado o albúm na era do metal alternativo, iríamos chegar bem longe, rapidamente. As pessoas associam-nos ao metal alternativo mas com um toque mais moderno.

6. São neste momento uma das bandas em destaque no concurso da Impericon. O quão importante é este tipo de concursos para bandas mais desconhecidas? Já sentiram algum efeito só por estarem a participar?

Reparámos que no concurso não haviam só bandas desconhecidas, estávamos a competir com bandas que já têm algum nome. Sermos seleccionados a partir de 500 bandas para termos a oportunidade de tocar no festival demonstra que estamos a fazer algo certo. E isso é espetacular! Concursos desta magnitude ajudam não só em conseguir promover o nosso trabalho mas também têm um efeito positivo na motivação. Infelizmente não conseguímos ganhar o concurso ou ganhar um slot no festival, mas temos imenso orgulho em termos acabado em 3º lugar no meio de

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500 bandas. 

Termos tido o nosso nome exposto na página da Impericon tem ajudado em angariar novos fãs mas também nos ajudou em sermos levados mais a sério pelos bookers e eventos. Para uma banda nova, estes resultados significam muito.

7. O que vos inspira na hora da composição?

Como um colectivo é óbvio que o metal alternativo é uma fonte de inspiração mas como cada um de nós vem de géneros diferentes, também tentamos incorporar essas influências. 

Agora que nos conhecemos melhor musicalmente, temos estado a conseguir explorar mais os géneros diferentes que nos inspiram, desde metalcore até popculture. O metal alternativo será sempre a base da nossa influência mas mantendo uma mente aberta com a intenção de encontrar a nossa identidade.  

Depois do primeiro álbum a exploração não tem sido só musicalmente mas também tem sido focanda na mensagem que queremos transmitir. Ligar as músicas umas as outras e focar nas nossas ideologias, na literatura e nas filosofias que nos definem como humanos. Abrindo os nossos horizontes tem-nos fornecido muitas fontes de inspiracão.

8. Que planos nos reservam os Mountain Eye?

De momento estamos a finalizar as músicas do novo álbum e quando estivermos satisfeitos podemos começar as gravações. Ao mesmo tempo há muito foco em tudo que revolve o novo álbum, mas de momento, não podemos partilhar qualquer informação. 

Também temos estado a trabalhar com várias promotoras e bookers com a intenção de realizar vários concertos a nível internacional durante o próximo ano. Infelizmente este ano, devido a situação em que o mundo se encontra, ja tivémos concertos que foram ou cancelados ou adiados. Estávamos super entusiasmados com essas datas e espero que os festivais onde vamos tocar no verão tambám não sejam adiados ou cancelados. 

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